OS 12 HEROICOS ARTILHEIROS
Foi feita a chamada pelo nome de cada um dos artilheiros mortos. A cada nome pronunciado a bateria, em forma, respondia PRESENTE!
O ano era 1953, dia 24 de janeiro, 10:30 horas da manhã. Os alunos do 2º ano do Curso de Artilharia estavam recebendo instrução de armamento no campo (por vários anos a Formação foi
realizada em 2 anos).
O local era aproximadamente o topo da escadaria que chega ao Estádio do Cabritão.
O Cap Sanford ministrava a instrução de minas terrestres, monitorada pelo Sgt Djalma. A turma ao redor observava atentamente. Os alunos estavam ao redor do instrutor. Quase todos sentados. Poucos em pé, porém próximos ao instrutor para assistir a sua explicação e terem contato visual com a mina que estava no chão. A mina estaria com pino de segurança o que impediria que a mesma detonasse. Em dado momento, em meio à explicação, com o instrutor de costas para mina, a mesma foi acionada. A carga projetada para o alto. A explosão ensurdecedora. A chuva de estilhaços. Os alunos sendo atingidos e tombando. Tudo em uma fração de segundos. Seis alunos saíram ilesos. O número de vítimas somente não foi maior porque alguns alunos que estavam à frente encobriram com seus corpos outros que estavam atrás como uma espécie de escudo humano. Pelo número de vítimas fatais e de feridos, esta foi considerada a maior tragédia em tempos de paz ocorrida no Exército Brasileiro. Alguns perderam os sentidos. Outros, incrédulos com o que acontecera, passaram a mão pelo seu corpo procurando ferimentos. E os ferimentos eram muitos. De menor ou maior grau. Tudo acontecera muito rápido, com a velocidade de uma explosão. Alguns segundos que pareciam uma eternidade aprisionada entre uma explosão e a consciência da dor. Toda a Capital voltava seus olhos para o Hospital de Pronto-Socorro.
Monumento aos 12 heroicos Artilheiros
A frente do HPS mais parecia uma cena de guerra. O próprio Prefeito Municipal Ildo Meneghetti, dirigiu-se até o local para tomar pé da situação. Mas seu interesse não era somente o bem-estar dos alunos do Centro e das condições necessárias para o atendimento aos feridos. Dentre os feridos estavam seu filho Enio Melo Meneghetti, aluno do Curso de Artilharia. Ferido pelos estilhaços da mina que explodiu, mas não com gravidade, foi transportado para o HPS e, lá chegando, foi prontamente atendido pela valorosa equipe médica.
Os esforços das equipes médicas foram cruciais para salvar muitas vidas. Os que possuíam ferimentos leves, de menor gravidade, foram encaminhados para o Hospital Militar. Os casos graves eram atendidos no HPS. Mas apesar do empenho dos médicos e do desespero das famílias que se acumulavam no saguão do hospital, mais óbitos foram sendo registrados. Telmo Piva, Ubiracy Lemos e Remy Syrio Eckhard, pereceram durante a tarde. A última vítima fatal registrada naquele inesquecível 24 de Janeiro foi o aluno Antônio Carlos de Miranda, às 17:30, no HPS. Como os demais, não suportou os graves ferimentos provocados pela mina. Partiu, porém, cercado pelos seus familiares que pelo menos tiveram a chance de se despedir. Foi a décima vítima. E o dia 24 chegou ao fim. Todavia, o pesadelo ainda se diz que dobraria em mais dois capítulos. Os Alunos Cláudio João Tischler e Carlos Ernani Silba Boll que estavam em estado grave desde o dia 24, não resistiram e faleceram na semana que seguiu. O primeiro no dia 28. O segundo no dia 30. O saldo da tragédia foram 12 alunos mortos e 33, feridos incluindo o instrutor. 6 alunos saíram ilesos.
Contabilizados os mortos, viriam os atos fúnebres. O enterro dos artilheiros mortos foi cercado de muita emoção, tristeza e honras militares. As cerimônias não foram feitas somente na sede do CPOR. Algumas faculdades, já que os alunos falecidos eram estudantes universitários, pediram para velar seus acadêmicos. Outros foram embalsamados e seus corpos enviados para o interior do estado, para suas cidades de origem. Mas houve duas cerimônias que causaram arrepios. Em dois cemitérios de Porto Alegre, o corpo de alunos do CPOR, engalanados, posicionaram-se desde a rampa de acesso até o local do enterro, lado a lado, ao longo de todo o trajeto. Quando cada caixão passava, com o cortejo à sua retaguarda, era prestada a devida continência. Certamente os “Doze Heróicos Artilheiros” serão lembrados por todos que passarem pelo Portão Das Armas do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre.
Os 12 Heróicos Artilheiros e seus respectivos nomes
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Antonio Carlos de Miranda
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Sergio Emilio de Freitas Mabilde
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Pedro Reginatto
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Sergio Difini
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Carlos Ernani Silba Boll
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Cláudio João Tischler
- Remy Syrio Eckhard
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Telmo Piva
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Elias João Chami
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Paulo Sergio Sperb
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Roque de Marco
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Ubiracy Lemos