BOINA PRETA
Símbolo da harmonia entre o homem e a máquina, a boina preta representa uma tradição de quase um século e identifica o soldado que, sempre ao lado da tecnologia, supera os desafios com coragem e determinação. A origem da boina preta como cobertura militar, característica das unidades blindadas e mecanizadas, remonta a 1ª Guerra Mundial.
Naquele conflito, surgiu o carro de combate, máquina de guerra desenvolvida pelos ingleses para romper o imobilismo das frentes de combate e retomar a ofensiva, sendo empregado com sucesso nas batalhas ao longo do rio Somme.
Os primeiros carros de combate eram viaturas pouco confiáveis, muito apertadas e incômodas, que apresentavam constantes panes. Durante a operação e manutenção desses carros, o uniforme dos integrantes da guarnição permanecia constantemente sujo, com manchas de óleo e de graxa.
Durante o emprego operacional dos carros de combate nos conflitos, os ingleses perceberam a necessidade de substituir o velho capacete de aço por uma cobertura que proporcionasse maior agilidade e conforto à guarnição embarcada.
A boina, que já era utilizada pelas tropas de montanha, tornou-se alvo da observação dos comandantes militares da época, os quais sensibilizados com as dificuldades da tropa blindada, resolvem adotá-la em substituição aos capacetes de aço.
A cor preta foi selecionada para a boina a ser utilizada pelas guarnições blindadas, pois mostraria muito pouco das inevitáveis manchas de graxa e óleo geradas durante o trabalho com os veículos, dando uma melhor apresentação à tropa.
O valor prático desta peça no uniforme foi reconhecido por vários exércitos, que passaram a adotá-la como cobertura dos integrantes de suas unidades blindadas. Desde o momento em que se tornou peça do uniforme dos britânicos, seu uso se generalizou e, atualmente, a boina preta é utilizada em diversas Forças Armadas como cobertura característica das tropas blindadas e mecanizadas.
No Brasil, o uso da boina preta como peça do uniforme das guarnições de blindados surgiu no final dos anos sessenta. À época, a 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, sediada em Bagé/RS, utilizou-a, em caráter experimental, como cobertura dos integrantes de suas unidades de Cavalaria.
Em 02 de abril de 1979, foi autorizado o uso da boina preta como peça de uniforme dos militares das unidades e subunidades de Cavalaria blindada e mecanizada. A Portaria Ministerial nº 1550, de 23 de dezembro de 1980, estendeu o seu uso às unidades de outras armas, quadro ou serviço, integrantes de brigadas blindadas e mecanizadas.
No CPOR/PA, o aluno do Curso de Cavalaria, para conquistar a gloriosa boina preta, participa da Operação Boina Preta. Essa atividade põe em prática todos os conhecimentos sobre um Pelotão de Cavalaria Mecanizado adquiridos, pelos alunos, durante o período de formação e aplicação na Arma de Cavalaria, sendo um coroamento das instruções de Pelotão de Cavalaria Mecanizado, do Curso de Cavalaria.
Os militares realizam reconhecimentos de eixo, de pontes, ataques coordenados, ocupação de posições de bloqueio, ação retardadora, bem como realizam o tiro das armas coletivas de dotação de um Pel C Mec, como a metralhadora 7,62 MAG, a metralhadora .50, o morteiro médio 81mm e também canhão 90mm.
A entrega da boina preta é realizada durante uma solenidade militar de grande significado para os jovens alunos do Curso de Cavalaria. Esta solenidade ocorre, normalmente, ao final do módulo de instruções de Organização e Emprego da Cavalaria, após o aluno haver superado árduas semanas de instrução e de exercícios no campo. Ela é o reconhecimento à dedicação, ao entusiasmo e à vibração dos alunos demonstrados ao superarem as dificuldades das instruções, o cansaço, a chuva, o frio e a lama, afirmando possuírem a força de vontade, a rusticidade e o preparo físico necessário para serem verdadeiros combatentes blindados.