ORDEM DO DIA: 75 ANOS DA TOMADA DE MONTE CASTELO
“São duas horas da madrugada do dia 22. O dia 21 já acabou, e foi um grande dia. Vencemos os prussianos e tomamos conta desta grande elevação dos Apeninos. O combate de Monte Castello ficará na História Militar do Brasil como um grande feito d’armas de seus Soldados.”
Passados 75 anos, o pequeno trecho da carta escrita à sua esposa pelo então Tenente-Coronel Castello Branco, Chefe da Seção de Operações da Força Expedicionária Brasileira (FEB), profetizava a envergadura do feito militar empreendido em solo italiano pelos nossos inesquecíveis pracinhas.
Às 5h30, do dia 21 de fevereiro de 1945, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) desembocava seu ataque. As condições climáticas não poderiam ser melhores. Dois terços da Infantaria, o Esquadrão de Reconhecimento, toda a Artilharia e a Engenharia estavam comprometidos com a conquista do desafiante objetivo.
Após mais de dez horas de tenaz resistência vencida pelo destemor, pela abnegação, pelo espírito de sacrifício e pela fé no cumprimento da missão, nossos heróis brasileiros hastearam a bandeira verde-amarela, fazendo-a tremular no alto do objetivo conquistado.
Mais que uma vitória tática, Monte Castelo tornara-se um desafio moral para aquele soldado das longínquas terras tropicais, “da Senhora Aparecida e do Senhor do Bonfim.” Não eram poucos os que duvidavam da sua capacidade, e a cobra fumando, desenho que se tornou o símbolo da FEB, foi a resposta irreverente e espirituosa da tropa aos que não acreditavam nela.
O que se viu, na verdade, foi uma tropa única, aguerrida, determinada, integrada por negros, índios, brancos e pardos, a lutar, além-mar, sob a bandeira da liberdade e da democracia, para extinguir, para sempre, o terror representado pelo nazifascismo.
Nas palavras do Tenente-General Crittemberger, Comandante do IV Corpo de Exército, que enquadrava a 1ª DIE: “..Combatestes brava e valentemente e contribuístes substancialmente para a vitória das Nações Unidas (...) Podeis estar orgulhosos, com a certeza de terdes cumprido integralmente a missão para a qual o povo brasileiro vos enviou para solo estrangeiro. (...)”
Monte Castelo custou muito caro à FEB: 478 brasileiros tombaram em combate, sendo 103 no último dos três ataques. O supremo sacrifício não fora em vão. Alguns meses depois, a Itália estava liberada; a Ofensiva da Primavera avançava pelas planícies do rio Pó e o destino da guerra estava selado.
Soldados de Caxias, herdeiros das mais dignas tradições da FEB! Nada mais justo e adequado do que, no aniversário de 75 anos da Tomada de Monte Castelo, ouvir a FEB por seus soldados e reviver o turbilhão de sentimentos que os envolviam naquele momento histórico. O poema “Em Prol da Liberdade”, escrito naquele longínquo 1945 pelo Cabo Lincoln Tavares de Oliveira, não poderia expressar melhor a luta pela liberdade, o espírito de cumprimento do dever e, especialmente, o amor à Terra Natal.
Em Prol da Liberdade
Ao findar o labor desta luta,
Quando a paz ao mundo chegar;
Regressaremos contentes e vitoriosos,
À nossa Pátria, ao nosso lar.
Meus camaradas, não devemos escolher,
Vida ou morte, devemos aceitar;
Para a Vitória, tudo isto precisa,
Assim podemos, ao mundo libertar.
Lutemos em prol da Liberdade,
Cooperando em armas, como irmãos;
Devotadamente cumpriremos o nosso dever,
Mesmo que seja a mais árdua missão.
Devemos conservar sempre invicto,
O nosso glorioso pavilhão consagrado;
Nem que derramemos todo o nosso sangue,
Para que ele, nunca seja ultrajado.
Espelhem-se neste exemplo! Só assim tornaremos o Exército Brasileiro ainda mais forte e capaz de cumprir suas missões constitucionais e cooperar, sobretudo, com o desenvolvimento nacional e o bem-estar da nossa sociedade.
General de Exército Edson Leal Pujol
Comandante do Exército